Terceirização em TI: O
Caminho das Pedras
Os cuidados e passos que
devem ser seguidos para a obtenção de sucesso na terceirização em Tecnologia da
Informação.
por Rodrigo A. Sprengel
Em pesquisa realizada pelo Yankee Group no final de
2002 com 504 empresas espalhadas por diversas regiões do Brasil concluiu que
ainda há muito espaço para o mercado de outsourcing de Tecnologia da Informação
crescer, pois 48% das empresas afirmaram que não terceirizam nenhuma função de
TI.
A pesquisa revelou que 30% das
companhias entrevistadas terceirizam a manutenção de suas redes, 16% fazem isso
para atividades de gerenciamento de redes, 13% para help desk, 11% fazem
outsourcing de aplicativos e 8% já fazem outsourcing completo de TI. Os setores
de transporte e manufatura são os campeões brasileiros de outsourcing de TI.
Ao mesmo tempo que a cultura da
terceirização em TI se difunde e emerge como a solução para muitos dos
problemas enfrentados pelas corporações no planejamento, implementação ou
manutenção de algumas soluções que não são a sua especialidade, ou
sobrecarregam os internos, outras dúvidas e temores ainda permanecem com
relação a entrega do trabalho para terceiros. De qualquer maneira, a
necessidade de cortar custos e diminuir os riscos acabam projetando as
soluções, nestes casos, para empresas especialistas em TI.
Para garantir que a terceirização não
traga mais problemas do que soluções, é necessário que as corporações tenham
uma certa cautela ao firmar acordos, responsabilidades, e ao determinar quais
funções serão desempenhadas pelos seus contratados. Primeiramente, é necessário
identificar quais razões levaram à terceirização: a redução custos, ganho de
tempo, a manutenção de sistemas, ou a utilização de um know-how que a empresa
não tem?
Neste momento, vale a pena pensar com
calma e escolher cuidadosamente a empresa que prestará os serviços, para não
comprar gato por lebre. A experiência em determinadas áreas, através da
especialização em necessidades determinadas dos clientes, com saídas e soluções
específicas deve ser um dos fatores importantes na escolha da terceirizada.
Este cuidado especial reduzirá o tempo de análise e implantação das tecnologias
necessárias, e irá melhorar em muito a qualidade da prestação do serviço
desejado.
Outro fator importante a ser analisado e
ao qual devemos nos precaver é quanto à gestão da informação. O conhecimento
adquirido durante a execução de um projeto, com a operação de sistemas ou a sua manutenção não pode ficar apenas
nas mãos dos terceiros. É necessário exigir que seja realizada constantemente
uma documentação de todas as características dos projetos, dos problemas e suas
soluções. Assim, evita-se que o conhecimento vá embora juntamente com os
terceirizados, e que a empresa fique em maus lençóis em situações críticas.
Em todos os casos, é preciso tomar
cuidado para que as empresas terceirizadas não executem atividades que devem
ser realizadas somente por internos, e muitas vezes estratégicas, como decisões
de compras. O ideal é terceirizar áreas operacionais, com um escopo claro de
atuação e com procedimentos bem definidos.
Esta dica é mais facilmente seguida em
empresas de médio e grande porte, onde a inteligência em TI, que determina
quais tecnologias adotar, o budget
que será destinado aos projetos, bem como o seu tempo de implementação e os
procedimentos que devem ser seguidos, está no corpo interno de funcionários –
geralmente constituído em uma gerência de TI. E as empresas de pequeno - e
algumas de médio - porte, que não têm estes especialistas em seu corpo interno?
Neste caso, valerá a astúcia do CEO,
dono ou diretoria, em contratar empresas especializadas na terceirização para
estes segmentos, em que seus serviços têm o valor agregado da Consultoria em
TI. Desta maneira, não haverá a necessidade em ter o seu especialista interno,
até que o negócio adquira proporções maiores e a consultoria fornecida por
estas empresas mantenha a redução dos custos, o alcance das metas determinadas,
e a qualidade no serviço prestado, como um todo. Vale lembrar que a consultoria
fornecida pelos tercerios deverá proporcionar à empresa uma gama de saídas para
os seus problemas, ficando a decisão final a cargo do seu corpo diretor.
E, finalmente, para garantir que o que
está acordado não saia caro, todos os parâmetros definidos devem ser
especificados em contrato. Estes, agora chamados de SLA´s (acordos por nível de
serviço), evitam a fragilidade ou a obtenção de vantagens pelos
terceirizadores. Estes contratos contém especificações minuciosas, com
parâmetros de níveis de serviços por determinadas áreas, cláusulas por produtos
e detalhamento de multas e procedimentos. Isto evitará, com certeza, muitos
desentendimentos futuros.
Uma vez que estes cuidados foram tomados, há uma grande possibilidade de obter-se o retorno esperado na terceirização, e até a superação das expectativas. Agora, a sua corporação poderá concentrar todas as suas forças na geração de negócios, ao invés de ter que dedicar um tempo, muitas vezes crucial à obtenção e manutenção de vantagens competitivas, com atividades que requerem uma especialização em áreas diferente do seu negócio-fim.
Rodrigo A. Sprengel é Diretor de TI da
Intecma – Instituto de Desenvolvimento em
Tecnologia e Meio Ambiente